Maracatu de Baque Virado - Nação
O Maracatu de Baque Virado, também conhecido como Maracatu Nação, consagrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, é uma manifestação da identidade cultural e carnavalesca do Recife e municípios da Região Metropolitana. Os cortejos reais desfilam pelas ruas, cujos integrantes usam fantasias ricamente adornadas, são acompanhados de um conjunto musical percussivo, e podem ser remontados às antigas coroações de reis e rainhas do Congo.
Os Maracatus Nação tem uma relação expressa com as religiões de terreiro (candomblé ou xangô, jurema e umbanda) e são compostos principalmente por negros e negras. Ao longo dos anos passaram por transformações e mudanças, demonstrando sua capacidade de adaptação e persistência. Essa forma de expressão da cultura negra tem sido considerada primordial na definição das identidades culturais pernambucanas, herança e resistência da população negra. É também uma manifestação performática pelo fato de o cortejo e percussão serem indissociáveis. Cada Nação de Maracatu é única, possui sua forma particular de tocar e sua identidade percussiva.
O sentido de Nação desses grupos é histórico e está relacionado à forma como as “nações” de escravizados se organizavam, ou eram organizadas pelos colonizadores. As “nações” abarcavam indivíduos de diferentes grupos étnicos que eram agrupados a partir da lógica do tráfico negreiro, sendo aqui no Brasil referidos por um nome que pudesse identificá-los por sua origem, tais como nação cabinda ou angola.
A apresentação do Maracatu Nação é composta por diferentes personagens e elementos. Um porta-estandarte conduz um estandarte com o nome da agremiação e data de fundação. As damas do paço empunham as calungas, também chamadas de bonecas, que encarnam nos seus axés a força dos antepassados do grupo. O caboclo arreaiamar, é um personagem indígena que carrega arco e flecha (preaca) e utiliza um grande cocar com penas.
Além desses, há outros personagens que participam da apresentação de maracatu, os quais são: damas de frente, que carregam consigo flores ou troféus de concursos anteriores de maracatu; ala de orixás; baianas ricas; baianas de cordão ou catirinas, que utilizam fantasias feitas com chitão florido; lanceiros; casal real, que são protegidos pelo pálio (símbolo da realeza) e por pajens, porta-leque, porta-abajur e a guarda real; e a ala dos escravizados, os quais carregam consigo ferramentas de trabalho, tais como foices, enxadas e pás.
Por fim, o batuque é o conjunto dos instrumentos percussivos que produzem o efeito musical do maracatu. Ele é tocado durante todo o cortejo. Todos cantam loas e toadas para louvar os ancestrais.
Instrumentos