Também conhecido como Maracatu Rural e titulado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, o Maracatu de Baque Solto é uma brincadeira que ocorre durante as comemorações do carnaval e da páscoa. Sua origem remete aos trabalhadores rurais dos engenhos de cana-de-açúcar, sobretudo da Zona da Mata Norte de Pernambuco, no final do século XIX, e representa a fusão de culturas afro-indígenas e de diversos elementos de folguedos populares das áreas canavieiras como o Pastoril, o Bumba-Meu-Boi, o Reisado, o Cavalo-marinho, entre outros.

Os caboclos de lança simbolizam o personagem central do Maracatu de Baque Solto e vêm à frente, abrindo espaço entre a multidão com lanças de madeira, usadas originalmente para afastar os pés de cana-de-açúcar do caminho. Além disso, vestem uma volumosa peruca de celofane e trajam uma vistosa indumentária, uma espécie de manto usado pelos canavieiros, toda bordada de lantejoulas e paetês. Carregam também o surrão, uma bolsa confeccionada em couro de carneiro, onde são presos imensos chocalhos. Os caboclos de lança vêm geralmente da Zona da Mata para brincar o carnaval no Recife.

A dama do passo se destaca na comitiva porque carrega a boneca ou calunga, objeto ritual que simboliza entidades espirituais. Acompanham a comitiva, ainda, os caboclos de pena ou arreiamá; o balizeiro; o mestre; o contra-mestre; e a orquestra. Diversos outros elementos também compõem as apresentações, tais como: o símbolo e o porta-símbolo; o bandeirista, conduzindo o estandarte; as baianas; a dupla de palhaços Mateus e Catirina; a burrinha; o babau; e o caçador. Frequentemente desfilam também rei e rainha sob um grande guarda-sol, chamado de pálio, seguidos de dama, valete e porta-lampiões.

O instrumental da brincadeira é comandado pelo mestre que entoa loas, sambas e galope acompanhados do terno, que são as orquestras de sopro e percussão.